O Ministério da Cultura e o Banco do Brasil apresentam a mostra “Diálogos Africanos – Um Continente no Cinema”, uma seleção de filmes feita a partir de um leque de olhares de realizadores africanos, estrangeiros, exilados ou de descendentes de africanos na diáspora.
A mostra apresenta uma seleção de filmes que serão exibidos no Instituto Cervantes, dentro do evento “Caminhos Africanos” do Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura 2012 – FLAAC, que este ano celebra os 50 anos da Universidade de Brasília. Há perspectivas de autores africanos dos países de maior produção cinematográfica, o olhar sobre a África de autores não africanos, além de autores mais jovens da diáspora.
Com a realização desta mostra, o Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público a oportunidade de contato com obras importantes e pouco exibidas, que dialogam com as diversas facetas de um continente gigante, além de reavivar a discussão sobre a história e o pensamento africano, dentro de um festival de importância internacional.
Centro Cultural Banco do Brasil
O projeto
Mostra de filmes contemporâneos, com curadoria da Curadoria da Profa. Dra. Carolin Overhoff Ferreira, que procura mapear os complexos diálogos sobre a África, a partir de quatro perspectivas: 1) através de produções realizadas no continente – ao norte e ao sul do Saara –, 2) filmes que foram realizados em co-produção internacional com países africanos, 3) filmes sobre a África realizados por estrangeiros que se envolveram com as problemáticas africanas, e, ainda, 4) filmes que foram realizados como resultado da diáspora, por africanos exilados ou descendentes de africanos.
Um minicurso com foco nas produções de ficção luso-africanas, a ser realizado no dia 12 de maio, será voltado para professores de escolas públicas e multiplicadores. Haverá, ainda, debate com um cineasta convidado, a confirmar.
A mostra desenvolverá uma série de reflexões a respeito da complexidade dos diálogos cinematográficos sobre o continente africano, oferecendo ainda um catálogo com artigos, inéditos em português, de especialistas de vários países, dedicados às quatro perspectivas da mostra, além de uma filmografia crítica e ilustrada sobre os filmes exibidos.
Diálogos Africanos: um continente no cinema acontecerá no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, de 15 a 20 de maio de 2012, e no Instituto Cultural Cervantes de Brasília, de 20 a 27 de maio de 2012.
Instituto Cervantes de Brasília SEPS 707/907 Lote D
Asa Sul – 70390-078
Brasília – DF
Tel.: 55 61 3242 0603
Fax.: 55 61 3443 7828
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Filmografia a ser exibida
(Verifique a classificação indicativa dos filmes)
Grupo 1 – Diálogos dentro da África
Thuderbolt (2000), Tunde Kelani – Nigéria
Ezra (2006), Newton I Aduaka – Áustria/Nigéria/ França
Drum (2004), Zola Maseko – África do Sul/França
O Preço do Perdão (2001), Mansour Sara Wade – França/Senegal
Mme Brouette (2002), Mousse Sene Absa – Canadá/França/ Senegal
O Fogo (2003), Kollo Daniel Sore – França/Burkina Faso
Guimba (1995), Cheick Oumar Sissoko
Grupo 2 – Diálogos transnacionais com a África
Olhos Azuis de Yonta (1992), Flora Gomes – Guiné-Bissau/Portugal
Fintar o Destino (1998), Fernando Vendrell – Cabo Verde/Portugal
Nha Fala (2002), Flora Gomes – França/Luxemburgo/Portugal
O Gotejar da Luz (2002), Fernando Vendrell – Moçambique/Portugal
O Heroi (2004), Zezê Gamboa – Angola/França/Portugal
Sleepwalking Land (2009), Teresa Prata – Moçambique/Portugal
Na Cidade Vazia (2004), Maria João Ganga – Angola/Portugal
Grupo 3 – Diálogos sobre a África por Estrangeiros
Casa de Lava (1994), Pedro Costa – Portugal
A Tempestade da Terra (1998), Fernando d’Almeida e Silva – Portugal
Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990), Manoel de Oliveira – Portugal
Grupo 4 – Diálogos sobre a África da Diáspora
Dias de Glória (2000), Rachid Bouchareb – França
Eu e meu Branco (2003), Pierre Yaneogo – França
Cor de Fundo (2004), Marie-Louise Mendy – França
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Sinopses dos filmes
Casa de Lava (Portugal, 1994, 110 min., película)
Direção e Roteiro: Pedro Costa
Direção de Fotografia: Emmanuel Machuel
Edição: Dominique Aubray
Trilha Sonora: Raúl Andrade
Elenco: Inês de Medeiros, Isaach de Bankolé, Edith Scob, Pedro Hestnes, Cristiano Andrade Alves
O imigrante cabo-verdiano Leão permanece em coma após uma tentativa de suicídio. A enfermeira portuguesa Mariana o leva de volta para a Ilha do Fogo, procurando desvendar os mistérios afetivos e amorosos que Leão guarda. Conhece outra portuguesa, Edith, que também chegou à ilha acompanhando um homem, um preso político do Tarrafal, campo de concentração durante a ditadura. Assim como Edith, Mariana encontra várias razões para ficar no meio de uma cultura que julga familiar, mas acaba se percebendo como estranha, tão estranha como a si mesmo. * Prêmio de melhor filme estrangeiro, Festival Du Film Belfort Classificação indicativa: 14 anos
Cor de Fundo
Fond de Teint (França , 2005, 10 min., DVD)
Direção e Roteiro: Marie-Louise Mendy
Direção de Fotografia: Laurant Pauty
Edição: Marie-Louise Mendy
Trilha Sonora: Martin de Marneffe
Elenco: Yogan Gomis, Aïssa Maïga
Safi, uma jovem mulher africana, vai procurar seu filho mestiço afro- europeu no jardim de infância. Chegando à escola seu filho a olha como se fosse pela primeira vez. Estranhamente distante e deprimida depois deste dia, Safi descobre pouco a pouco a razão de seu mal estar: a diferença de cor entre suas peles.
Elenco: Sami Bouajila, Jamel Debbouze, Roschdy Zem, Samy Naceri
Como outros 130.000 soldados “indígenas”, originários das colônias francesas na África, os argelinos Said, Abdelkader, Messaoud e Yassir se unem ao exército francês para libertar a França da ocupação nazista em uma pequena aldeia da Alsácia durante a Segunda Guerra Mundial. Cada um se alistou por um motivo diferente, mas todos estão dispostos a arriscar a vida e, de fato, poucos sobrevivem às batalhas contra o batalhão germânico. Apesar de diversas promessas, após a guerra o poder colonial e a História se esquecem da contribuição inestimável destes soldados, resgatada pelo filme.
* Nomeado para melhor filme estrangeiro, Oscar 2007
Henry Nxumalo era um jornalista de investigação famoso nos anos 1950 em Sophiatown, bairro símbolo da resistência cultural em Johanesburgo. Trabalhava na revista Drum, verdadeira arma contra a segregação racial na época. Toda uma geração de autores, críticos, músicos e jornalistas sul-africanos surgiu e se expressou através deste meio. O filme reconstrói o percurso de Henry Nxumalo, mostrando como ele arriscava a vida denunciando as condições de tratamento dos negros que viveram e trabalharam durante o Apartheid, apesar do constante assédio que sofria por parte das autoridades.
* Grand Prize de realização, Ouagadougou Festival de Cinema Pan-africano
* FIPRESCI para realização, Zanzibar Festival Internacional
Classificação indicativa: 12 anos
Eu e Meu Branco
Moi et mon Blanc (Burkina Faso/Suécia/França, 2003, 90 min., DVD).
Direção: S. Pierre Yameogo
Roteiro: S. Pierre Yameogo
Direção de Fotografia: Jürg Hassler
Edição: Manuel Pinto
Trilha Sonora: Ray Lema
Elenco: Serge Bayala, Pierre-Loup Rajot, Anne Roussel
Elenco: Anne Roussel, Bruno Predebon, Micheline Compaoré, Pierre Loup Rajot, Ray Ainsi Lema
Mamadi, um estudante de Burkina Faso, e Frank, um jovem francês, trabalham como vigias noturnos em um estacionamento. Através dos monitores do equipamento de segurança acompanham as idas e vindas dos transeuntes, a prostituição e o tráfico de drogas que acontecem no local. Certa noite, Mamadi encontra um embrulho abandonado, com drogas e dinheiro, e os amigos decidem ficar com ele. Quando são perseguidos pelos donos do embrulho, escondem-se na casa de Frank de onde partem para Ouagadougou, cidade natal de Mamadi. Através desta aventura os amigos acabam conhecendo o mundo um do outro.
* Prémio multimídia e prémio RFI, Ouagadougou 2003
Elenco: Mamoudu Turay Kamara, Mariame N’Diaye, Mamusu Kallon, Richard Gant
No ano 2000 foram contabilizados cerca de 300.000 soldados-criança em conflitos armados em mais de trinta países de todo o mundo. Aproximadamente 120.000 participaram dos diversos conflitos no continente africano. Ezrabaseia-se na guerra civil da Serra Leoa. Concentra-se em um evento específico: um ataque atroz, sob o efeito de drogas, de soldados rebeldes a uma aldeia. Os detalhes do ataque são reconstruídos através das declarações de três testemunhas perante uma corte de reconciliação: Ezra, o ex-combatente, sua irmã Onitcha e Cynthia, colega soldado de Ezra. Apesar das atrocidades reveladas – Ezra matou os pais naquela noite – o encontro possui valor terapêutico ao enfrentar os pesadelos do passado.
* Prémio melhor filme, Festival Internacional de Durban, 2007
* Etalon de Yennega, Ouagadougou Festival Panafricano, 2007
Classificação indicativa: 16 anos
Fintar o Destino
(Portugal/Cabo Verde, 77 min., 1998, película)
Direção: Fernando Vendrell
Roteiro: Carla Baptista, Fernando Vendrell
Direção de Fotografia: Luís Correia
Edição: Pedro Ribeiro
Elenco: Carlos Germano, Betina Lopes, Paulo Miranda
Mané, dono de um barzinho em S. Vicente, Mindelo, passa os dias frustrados porque não aproveitou sua chance de jogar em um time famoso em Portugal, o Benfica. Ao treinar uma equipe de jovens revê-se em Kalu, rapaz talentoso e rebelde. Desejando garantir a oportunidade a Kalu que ele não valorizou, Mané decide partir para Portugal. Mas em Portugal nada corre como esperado: seu filho o enfrenta, seu amigo Américo que ocupou seu lugar vive na miséria, e Mané perde o jogo da final da Taça de Portugal. Mas os tropeços o fazem valorizar seus amigos e sua vida e ele volta apaziguado, com a expectativa que Kalu terá um lugar garantido no futebol europeu.
* Menção honrosa CICAE, Festival Internacional de Berlim, 1998
Classificação indicativa: 12 anos
O Gotejar da Luz
(Portugal/Moçambique, 103 min., 2002, DVD)
Direção: Fernando Vendrell
Roteiro: Leite de Vasconcelos
Direção de Fotografia: Mario Masini
Edição: José Nascimento
Elenco: Filipe Carvalho, Alexandra Antunes, Amaral Matos, Luís Sarmento, Marco D’Almeida, Teresa Madruga, Carla Bolito, Alberto Magassela
Rui, um menino de 14 anos, vive em uma plantação de algodão administrada pelo seu pai nos anos 1950 em Moçambique. Ao se tornar adolescente enfrenta duas grandes decepções. Primeiro, percebe cada vez mais que seu pai explora os trabalhadores na plantação e apoia a segregação racial; e segundo, porque seu pai substituto, o africano Jacopo, ao descobrir o romance entre sua filha Ana e o primo de Rui, faz uso de seu direito tradicional de matá-la.
* Menção honrosa CICAE, Festival Internacional de Berlim, 2002
Classificação indicativa: 12 anos
Guimba
(França, 1995, 93 min., DVD).
Direção: Cheik Oumar Sissoko
Direção de Fotografia: Lionel Cousin
Roteiro: Cheik Oumar Sissoko
Edição: Kahéna Attia, Joëlle Dufour
Trilha Sonora: Michele Risse, Pierre Sauvageot
Elenco: Balla Moussa Keita, Falaba Issa Traoré
Sitakili, uma cidade do Sahel, vive sob a dominação de um homem, Guimba Dunbaya, e de seu filho, Janguiné. Kani Coulibaly é noiva de Janguiné desde que nasceu e ninguém ousa declarar-se a ela quando se torna uma bela moça. Durante uma visita de cortesia a Kani, Janguiné apaixona-se por Meya, a mãe de sua noiva, e quer casar com ela. Para satisfazer o capricho do filho, Guimba expulsa Mambi, marido de Meya. Este se refugia em uma aldeia de caçadores e organiza a revolta contra o tirano.
* Etalon de Yennega, Ouagadougou Festival Panafricano, 1995
Classificação indicativa: 14 anos
O Herói
(Angola/França/Portugal, 2004, 97 min, DVD)
Direção: Zézé Gamboa
Direção de Fotografia: Mario Masini
Roteiro: Carla Baptista, Pierre-Marie Goulet, Fernando Vendrell
Vitório, um soldado de 35 anos, é dispensado do exército após pisar em uma mina e perder uma perna. Ao regressar a Luanda como herói, após vinte anos de combate, dá por si sem casa e sem dinheiro numa cidade ainda atribulada pelas memórias da guerra. Vitório dorme nas ruas destruídas pelos combates enquanto procura um emprego. Sonha em ter uma família, mas só encontra conforto junto às prostitutas. Uma noite, crianças roubam-lhe a perna protética e a medalha de guerra. Enquanto espera a substituição da perna no hospital, Vitório conhece Joana, uma professora bonita com contatos no governo. Parece que sua história está tomando um novo rumo, mas só depois de muitas tribulações este veterano da guerra civil encontrará finalmente uma nova vida.
* Grande prémio do júri, Sundance Film Festival, 2005
No bairro senegalês de Niayes Thiokeert uma jovem vendedora ambulante de frutas e legumes mata seu marido. As mulheres juntam-se para elogiar Madame Brouette pelo feito. Invertendo o caminho da história, percebemos pouco a pouco os motivos de seu crime.
* Urso de Prata, Festival Internacional de Berlim, 2003
* Prémio Poitou Charentes, Ouagadougou Festival Panafricano, 2003
Classificação indicativa: 12 anos
Na Cidade Vazia
(Angola/Portugal, 2004, 90 min., DVD)
Direção: Maria João Ganga
Roteiro: Maria João Ganga
Direção de Fotografia: Jacques Besse
Edição: Pascale Chavance
Trilha Sonora: Manu Dibango e Né Gonçalves
Elenco: João Roldan, Domingos Fernandes Fonseca, Júlia Botelho
Um grupo de crianças refugiadas da guerra civil em Angola, acompanhadas por uma freira, seguem em um voo rumo a capital Luanda. Ao chegarem ao aeroporto, N’dala, um rapaz de 12 anos, consegue fugir do grupo. Enquanto a freira empreende uma investigação na tentativa de encontrá-lo, acompanhamos N’dala em sua jornada pelas ruas movimentadas da capital. É lá que ele conhece o velho pescador Antônio, que o ajuda e com quem faz amizade. Conhece também Zé, um estudante que o introduz à vida cultural da cidade, mas também a pessoas mal-intencionadas que tentam prejudicá-lo. O grande sonho de N’Dala é voltar para a aldeia de onde teve de fugir e na qual seus pais foram mortos. Mas sua participação em um roubo impossibilita qualquer regresso.
* Graine de Cinéphage, Créteil Festival Internacional de Filmes de Mulheres
* Prémio especial do júri, Festival Internacional de Paris
Vita, uma guineense bonita, parte para a Europa para estudar devido à falta de oportunidades em seu país. Em Paris apaixona-se por um produtor musical e torna-se uma cantora de sucesso. Nesta condição regressa à Guiné-Bissau para enfrentar sua ofensa a tradição familiar que proíbe as mulheres de cantar. Acaba encenando seu próprio funeral para depois celebrar seu renascimento em um colorido desfecho deste alegre musical.
* Prémio da Cidade de Ouagadougou, Festival Panafricano, 2003
* Prémio Laterna Magica, Festival Internacional de Veneza, 2003
Classificação indicativa: 12 anos
Non ou a Vã Glória de Mandar
(Portugal, 1990, 120 min., película)
Direção: Manoel de Oliveira
Roteiro: Manoel de Oliveira
Direção de Fotografia: Elso Roque
Edição: Manoel de Oliveira, Sabine Franel
Trilha Sonora: Alejandro Massó
Elenco: Luís Miguel Cintra, Luís Lucas, Diogo Dória, Miguel Guilherme
Baseado na história de Portugal, Non, ou a Vã Glória de Mandar reconstitui alguns dos principais episódios bélicos que o país já conheceu, nomeadamente aqueles do qual a nação saiu vencida. Através do uso de flashback, Manoel de Oliveira constrói uma reflexão sobre a história de expansão portuguesa desde os tempos do lendário Viriato até à Guerra Colonial, passando por D. Afonso Henriques, a batalha de Toro, o decepado D. Duarte de Almeida, a união dinástica com Castela através do casamento dos infantes Afonso e Isabel, a Ilha dos Amores de Luís de Camões, a morte do príncipe D. João, a infeliz batalha de Alcácer Quibir, o malogrado destino de D. Sebastião, e, por fim, o império em terras africanas, no dia 25 de Abril de 1974 – data em que toda a ação do filme encerra.
Classificação indicativa: 14 anos
Olhos Azuis de Yonta
Udju azul de Yonta (Portugal/Guiné-Bissau, 1992, 95 min., película)
Vicente é um empresário e ex-combatente da guerra de independência. Através do amor que Yonta, filha de um camarada, sente por ele, e do amor de um jovem trabalhador por ela, o filme explora o legado da luta pela descolonização de Guiné-Bissau, bem como as dificuldades da situação pós-colonial.
* Silver Alexander, Festival Internacional de Thessaloniki, 1992
Classificação indicativa: 12 anos
O Preço do Perdão
Le Prix du pardon (França/Senegal, 2001, 90min., DVD).
Direção: Mansour Sora Wade
Roteiro: Mansour Sora Wade, Nar Sene
Direção de Fotografia: Pierre-Olivier Larrieu
Trilha Sonora: Pierre Catois
Elenco: Alioune Ndiaye, Dienaba Niang, Gora Seck, Hubert Koundé, James Campbell, Rokhaya Niang, Thierno Ndiaye Doss
No leito de morte, o mais antigo marabuto de uma pequena aldeia do Senegal está incapacitado de liderar os aldeões após um denso nevoeiro ter impedido que os pescadores saíssem durante vários dias. Mbagnick, seu filho de vinte anos, escolhe substitui-lo no confronto com os deuses. Quando o nevoeiro se levanta, o jovem ganha o reconhecimento dos aldeões e um lugar no coração de Maxoye, uma bela mulher. Mas o sucesso torna Yatma, seu amigo de infância, invejoso ao ponto de matá-lo para casar com a mulher. O casamento que Yatma pensava que lhe traria a felicidade torna-se, no entanto, um pesadelo.
* Tanit de Ouro, Cartago 2002
Classificação indicativa: 12 anos
Tasuma, o Fogo
Tasuma, le feu (França/Burkina Faso, 2004, 90 min., película)
Tasuma, apelido de Sogo Sanon, é um antigo atirador que lutou com o exército francês na Indochina e na Argélia entre 1954 e 1963. Depois de vários anos de espera, ainda aguarda sua aposentadoria. Quando vai à cidade de Bobo para finalmente recebê-la, encontra seu amigo Khalil, um famoso comerciante libanês. Compra dele um moinho a crédito, apostando na pensão e querendo ajudar as mulheres de sua aldeia. Quando regressa, é recebido como herói por elas. Mas a pensão não chega apesar dos inúmeros esforços de conquistá-la.
* Coup de Coeur, Festival Internacional de Mons, 2004
Classificação indicativa: livre
A Tempestade da Terra
(Portugal, 1996, 112 min., película)
Direção: Fernando D’Almeida e Silva
Roteiro: Fernando D´Almeida e Silva, Luis Carlos Patraquim
Direção de Fotografia: Acácio De Almeida
Trilha Sonora: Ramon Galarza
Elenco: Maria de Medeiros, João Grosso, Angelo Torres, José Eduardo, João Lagarto, Eugénia Bettencourt
O filme retrata uma amizade que transpõe diferenças políticas, sociais e raciais, reconstituindo o colonialismo em Moçambique nos anos 1950 e 1960, a guerra colonial e a independência do país. Ningo é um menino negro e empregado na casa dos pais de Lena, uma garota branca. Cresceram juntos e a amizade se manteve através das mudanças sociais e políticas do país. Em Maputo, vinte anos depois, Ningo recebe um telefonema de dona Amélia, sua antiga patroa e mãe de Lena, que explica a ele que a filha desapareceu em Lisboa. Ningo retorna à antiga casa onde viveu em Lisboa e descobre que a amiga de infância e adolescência, sempre lutadora e que desafiou a sociedade estabelecida, se tornou uma figura triste e solitária.
Adaptação do romance homônimo de Mia Couto sobre a guerra civil em Moçambique. Muidinga é um menino mestiço, encontrado pelo velho Tuahir em um campo de refugiados da guerra civil. Eles descobrem através de cadernos que encontram em um ônibus queimado à beira da estrada que Muidinga é filho de um ex-colonizador e de sua afilhada negra, Farida. Em montagem paralela conhecemos também a história de Kindzu, autor dos cadernos, que se apaixonou pela mãe de Muidinga e partiu para encontrá-lo e trazê-lo de volta.
A Nigéria produz atualmente mais de 600 filmes por ano. Thunderbolt se distingue da produção de vídeos de “Nollywood” porque teve participação financeira de fundos e redes de televisão europeus. Lembrando remotamente a história shakespeariana Othello, o filme aborda os ciúmes de um homem Yorubá, Yinka, pela sua mulher da etnia Ibo, Ngozi. Explorando tradicionais crenças e rituais africanos, o filme afirma em seu desfecho que não há diferenças entre etnias, questionando assim tanto a eficácia da medicina africana quanto da medicina ocidental. No final das contas, parece haver apenas pessoas bem ou mal intencionadas.
Classificação indicativa: 16 anos
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Diálogos africanos: minicurso “O cinema africano no ensino da história e cultura afro-brasileira”
Sábado 12 de maio 2012, 9:00 – 13:00 horas Centro Cultural do Banco do Brasil, Brasília
Inscrições de 9 a 11 de maio
Dentro da programação da mostra Diálogos Africanos: um continente no cinema, no dia 12 de maio, às 9h, será ministrado um minicurso – com foco nas produções de ficção luso-africanas – voltado a professores de escolas públicas e multiplicadores educacionais.
Em 2003 a Lei 10.639 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileiras. Este curso pretende dar subsídios à professores do ensino fundamental e médio da rede pública para que possam incluir filmes luso-africanos em suas aulas que falam sobre a história e a cultura do continente. O curso consiste em duas partes: primeiro, será apresentado um panorama das produções existentes, seus temas e estéticas, e, segundo, serão testadas possíveis abordagens através de alguns exemplos escolhidos.
Para esta segunda parte será fornecido material didático.
O minicurso é ministrado por Carolin Overhoff Ferreira, professora de cinema contemporâneo da Unifesp, e os participantes receberão um certificado desta instituição pela sua participação. A inscrição deve ser realizada pelo site da Unifesp de 9 a 11 de maio.
Haverá sessões escolares de filmes luso-africanos nos dias 15-18 de maio, às 10:00 horas.
Para fazer a inscrição,acesse o link abaixo no site da Unifesp:
Biografia dos realizadores (por Carolin Overhoff Ferreira)
Cheick Omar Sissoko nasceu em 1955 em San, um bairro popular de Bamako, Mali. Licenciado em Paris em História e Sociologia da África, fez seus estudos de cinema na École Nationale Supérieure Louis Lumière. Regressou depois ao Mali onde se tornou realizador do Centro Nacional de Produção Cinematográfica, sobretudo de curtas-metragens. Após a mudança de governo, consagra-se à direção do Centro do Cinema do Mali. Seus filmes mais conhecidos são Finzan (1990), Guimba (1995) e La Genèse (1999).
Daniel Sanou de Kollo nasceu em 1949 em Borodougou, Burkina Faso. Formou-se no Conservatório Livre do Cinema Francês (CLCF)
em Paris e estudou em seguida no Instituto Nacional do Audiovisual. É realizador de documentários, longas-metragens e séries de televisão desde 1977. Foi premiado pelo curta-metragem Beogo Naba (1978), o longa Paweogo (1982), Jigi (1992) e Tasuma (2002) e pelo documentário L’Artisant et son pays (1984).
Fernando D’Almeida e Silva nasceu em 1945 em Moçambique e faleceu em 1999 em Portugal. Quando jovem fez alguns filmes em 8 mm no Cineclube de Lourenço Marques, antigo nome da capital moçambicana. Estudou cinema e televisão em Londres. Voltou para seu país natal para fazer reportagens cinematográficas da revolução e em 1976 aproveitou o material para seu primeiro longa, Moçambique – Um Ano de Independência. Em 1979 mudou-se para o Brasil, trabalhando com Ruy Guerra. É nesta fase brasileira que realiza Amenic, em 1984. Em 1992, depois de passar por Cuba, foi morar em Portugal, onde realizou os longas Carga Infernal (1995) e Tempestade da Terra.
Fernando Vendrell nasceu em 1962 em Lisboa, Portugal. Licenciou-se em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Trabalhou como assistente de alguns dos realizadores portugueses mais importantes e tornou-se produtor em 1992, fundando a David & Golias onde produziu, entre outros, O Herói de Zezê Gamboa. Seu primeiro longa-metragem foi Fintar o Destino (1998), seguido por O Gotejar da Luz (2002), Pele (2005) e o telefilme O Jogo da Glória (2001). Trabalha também como realizador de séries televisivas.
Florentino (Flora) Gomes nasceu em Cadique, Guiné Bissau, em 1949. Depois da formação no Instituto Cubano das Artes, trabalhou como câmera e estagiou, estudando montagem, com Chris Marker e enquadramento com Anita Fernandez. Co-realizou com Sana Na N’hada e com Sérgio Pina três documentários. Durante alguns anos fez reportagens em vídeo de acontecimentos políticos. Com a realização de seu primeiro filme Mortu Nega (1988) participou do Festival de Veneza. Seu último longa-metragem é o documentário As Duas Faces da Guerra (2007), que dirigiu com a jornalista portuguesa Diana Andringa.
Pedro Costa nasceu em 1959 em Lisboa, Portugal. Abandou os estudos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para trabalhar como assistente de direção. Realizou seu primeiro longa, O Sangue, em 1989. A seguir começou a explorar a relação entre Portugal e Cabo Verde à qual dedica quatro filmes: Casa de Lava (1994), Ossos (1997), No Quarto da Vanda (2000) e Juventude em Marcha (2006). Filma frequentemente com pequenas câmeras digitais, tendo abordado a relação entre arte e vida nos premiados Onde jaz o teu sorriso (2003) e Ne Change Rien (2009).
Manoel de Oliveira nasceu em 1908 no Porto, Portugal. Realizou mais de trinta curtas, medias e longas-metragens ao longo de sua carreira de mais de setenta anos. Figura incontornável do cinema mundial, debate-se com a questão da expansão e do colonialismo português em seis filmes de sua extensa filmografia: Le Soulier de Satin (1985), Non ou a Vã Glória de Mandar (1990), Palavra e Utopia (2000),Um Filme Falado (2003), O Quinto Império (2004) e Cristóvão Colombo – O Enigma (2007).
Mansour Sora Wade nasceu em 1952 em Dakar, Senegal. Obteve um mestrado em cinematografia na Universidade de Paris VIII. Desde 1973 ocupa numerosos cargos no meio cultural senegalense. Suas atividades como diretor começaram em 1976 com alguns curtas-metragens para a televisão e para a UNICEF. Seu último longa de ficção, Les Feux de Mansaré (2009), lida com um tema recorrente na filmografia do Senegal: a rivalidade entre um cristão e um muçulmano.
Maria João Ganga nasceu em 1964, em Huambo, Angola. Estudou na Escola Superior Livre de Estudos Cinematográficos (ESEC) em Paris. Trabalhou como assistente de realização em diversos documentários, entre eles em Rostov-Luanda (1998) de Abderrahmane Sissako. Escreve e dirige peças teatrais. Em 2004 realizou seu primeiro longa-metragem, Na Cidade Vazia.
Marie-Louise Mendy é francesa. Trabalhou como atriz em L’Afrance (2001) de Alain Gomis e realizou seu primeiro curta-metragem Cor de Fundo em 2005. O filme foi escolhido pelo Ministério de Relações Estrangeiras para fomentar a cooperação cultural através de ações junto a professores do ensino fundamental e médio da rede pública.
Moussa Sène Absa nasceu em 1958 em Dacar, Senegal. É artista visual, escritor e músico. Iniciou a carreira como ator, passando à direção com a produção de uma peça teatral escrita por ele. Atuou como roteirista e iniciou-se na direção cinematográfica através do curta-metragem Le prix du mensonge (1988) Possui 16 filmes entre curtas e longas, além da sitcom televisiva Gorgorlu que fez dele uma figura pública reconhecida. Suas pinturas são expostas em galerias e museus no Senegal, na Europa e na América do Norte.
Newton I. Aduaka nasceu em 1966 em Ogidi, Nigéria. Em 1985 foi para Inglaterra estudar engenharia. Mudou de curso e acabou se graduando na London International Film School em 1990. Em 1997 fundou a Granite Film Works. Seu filme Rage (2001) foi reconhecido como sendo o primeiro filme de financiamento totalmente independente de um realizador negro a ser lançado na história do cinema britânico. Participou junto a outros cinco realizadores da residência Cinéfondation do Festival de Cannes. Seu primeiro longa-metragem, Ezra (2007), foi produzido pela ARTE France.
Rachid Bouchareb nasceu em 1953 em Paris, de pais argelinos. Trabalhou como assistente de realização em produções da rede estadual francesa de televisão, bem como para as redes TF1 e Antenne 2. Começou a fazer curtas-metragens nos anos 1980, iniciando sua carreira de longas com Batôn Rouge (1985). Representou a Argélia através da indicação de Hors-la-loi (2010) para Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2010.
S. Pierre Yameogo nasceu em 1955 em Koudougou, Burkina Faso. Estudou no Conservatório Livre do Cinema Francês (CLCF) em Paris e em seguida na Universidade Paris VIII, onde obteve um mestrado em Comunicação. Realizador e produtor desde 1987 de curtas-metragens, documentários e de seis longa-metragens, participou com seus filmes de importantes festivais internacionais, como o Festival de Cannes.
Teresa Prata nasceu em Portugal, mas passou sua infância em Moçambique e sua adolescência no Brasil. Estudou biologia na Universidade de Coimbra e Roteiro e Realização na Academia Alemã de Cinema e Televisão (dffb). Iniciou sua carreira trabalhando em galerias de arte e realizou uma série de instalações e vídeos experimentais. Terra Sonâmbula (2010) é seu primeiro longa-metragem.
Tunde Kelani nasceu em 1949 em Lagos, Nigéria. Possui diploma em Arte e Técnica de Realização pela International Film School em Londres. Trabalhou muitos anos como diretor de fotografia na indústria nigeriana de cinema, filmando em 16 mm e em vídeo e participando de muitas das produções mais conhecidas. Gerencia hoje a Mainframe Film & Television Productions que se dedica à documentação da cultura nigeriana. Sua filmografia inclui curtas-metragens em 16 mm e vídeo e vários longas em ambos os formatos.
Zezê Gamboa nasceu em 1955 em Luanda, Angola. Iniciou sua carreira como jornalista e dirigiu os Programas de Informação e o Telejornal da Televisão Pública Angolana (TPA). Formou-se em Engenharia de Som em Paris em 1984, o que o levou a fazer cinema. Realizou médias-metragens, como Mopiopio, Sopro de Angola (1991), Dissidência (1998) e curtas-metragens como Burned by Blue (1998) e O Desassossego de Pessoa (2001). Está finalizando o filme O Grande Kilapy, uma coprodução entre Portugal, Angola e Brasil.
Zola Maseko nasceu em 1967 na Suazilândia, onde seus pais viviam no exílio. Educado na Suazilândia e na Tanzânia, entrou no Umkhonto We Sizwe, o braço armado do Congresso Nacional Africano em 1987, onde lutou contra o regime do Apartheid. Graduou-se na Escola Nacional de Televisão e Cinema em Beaconsfield, Inglaterra, em 1994, ano em que se mudou para a África do Sul. Realizou o premiado documentário The Life and Times of Sarah Baartman (2002). Em seu curriculum possui seis longa-metragens de ficção e de documentário.
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Programação
SERVIÇO
Diálogos Africanos: Um Continente no Cinema
De 12 a 20 de maio no CCBB e de 23 a 27 o Instituto Cultural Cervantes de Brasília
Centro Cultural Banco do Brasília
SCES, Trecho 2, Conjunto 22 – Brasília (DF)
Tel: (61) 3108-7600 | ccbbdf@bb.com.br Horário de visitação: terça a domingo, das 9h às 21h.
Bilheteria e Informações: 3108-7600 (de terça a domingo, das 9h às 21h)
Programação Centro Cultural Banco do Brasil
(verifique a classificação indicativa dos filmes)
SÁBADO, 12/05, 09h00 Minicurso para professores
TERÇA FEIRA, 15/05 15h20 A Tempestade da Terra, Fernando D’Almeida e Silva
(Portugal, 1996, 112 min., 35mm)
17h00 Na Cidade Vazia, Maria João Ganga
(Angola/Portugal, 2004, 90 min., exibição em DVD)
18h50 Fintar o Destino, Fernando Vendrell
(Portugal/Cabo Verde, 77 min., 1998, 35mm)
20h40 Dias de Glória, Rachid Bouchareb
Indigènes (Argélia/França/Marrocos/Bélgica, 2006, 120 min., 35mm)
*Patricia Teixeira Santos
Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2005). Durante o doutorado, foi bolsista CAPES PDEE na Università degli Studi di Padova (Itália). Pós doutorado no Centre d´Étude d´Afrique Noire, Sciences Politiques, Bordeaux (França), com bolsa da Fondation Maison Sciences de l´Homme (Paris-França). Docente e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo. Bolsista Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora , nivel 2. Professora convidada do Programa de pós graduação interdisciplinar de Estudos Africanos, da Universidade do Porto (Portugal). Coordenadora de Extensao UNiversitaria do Departamento de História da UNIFESP.Tem experiência na área de História, com ênfase em História, atuando principalmente nos seguintes temas: Islã e Missionarismo católico na África nos contextos coloniais e pós coloniais, história do Sudão colonial. Pesquisa e orienta trabalhos nas áreas diversidade cultural, ensino da história da África, estudos africanos interdisciplinares e campo religioso brasileiro. Por mudança de estado civil, o novo nome profissional que usado anteriormente era PATRICIA SANTOS SCHERMANN.
Instituto Cervantes de Brasília SEPS 707/907 Lote D
Asa Sul – 70390-078
Brasília – DF
Tel.: 55 61 3242 0603
Fax.: 55 61 3443 7828
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Programação Instituto Cervantes
A programação da mostra Diálogos Africanos: Um Continente no Cinema acontece dentro doFLAAC 2012 – Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura, no Instituto Cervantes de Brasília.
Produção Local
Ana Arruda
Assistente: Aluízio Augusto
Assessoria de Imprensa
Cristianos Bastos
Legendagem eletrônica
Hugo Casarini
Vinheta
Ana Kormanski
Liberaçao alfandegária
KM Comex
Agradecimentos:
Casa da Cultura Latinamericana
Flaac 2012
Festival de Cine Africano de Córdoba – FCAT
Universidade de Brasília
Embaixada Francesa
Cinemateca da Embaixada Francesa
Instituto Français
Cinemateca Francesa
Embaixada Portuguesa
Instituto Camões
Alex Andrade
Mane Cisneros Manrique
Zulu Araújo
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