Os Verdes Anos do Cinema Português

Mostra “Os Verdes Anos do Cinema Português”

Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo, agosto de 2008 – em parceira com a Klaxon Cultura Audiovisual

Para baixar o catálogo: parte 1 / parte 2 – todos os direitos reservados

Matéria na revista Rolling Stone

Os Verdes Anos do Cinema Português

*** Mostra Os Verdes Anos do Cinema Português, oferecida pelo Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo, acontece de 30 de julho a 17 de agosto

*** Evento apresenta 16 títulos da “Nouvelle Vague” do cinema português, a maioria deles inéditos no Brasil

*** Estão na programação filmes de realizadores como Manoel de Oliveira, João César Monteiro, Paulo Rocha e António Reis

*** Além das exibições, haverá debate gratuito com estudiosos do cinema português
De 30 de julho a 17 agosto, o CCBB – SP (Centro Cultural Banco do Brasil -rua Álvares Penteado 112 – Centro – São Paulo – SP. Tel. (11) 3113.3651) realiza a mostra “Os Verdes Anos do Cinema Português”. A exibição conta com 16 títulos representativos daquele que ficou conhecido como o Cinema Novo português. A maioria dessas obras é inédita no Brasil. Os principais destaques do evento são: “Os Verdes Anos” (1963), de Paulo Rocha, considerado um dos fundadores do Cinema Novo português, por sua linguagem inovadora, que rompia os cânones do cinema tradicional. Foi “Os Verdes Anos” que chamou a atenção da crítica internacional para a existência do cinema feito por jovens em Portugal. “Acto da Primavera” (1963), de Manoel de Oliveira, é um dos mais importantes filmes do principal realizador português de todos os tempos, exibido pouquíssimas vezes no Brasil. “Trás-os-Montes” (1976), de Margarida Cordeiro e António Reis, que radicaliza ao passear pela linha tênue entre documentário e ficção, catapultou para reputação internacional seus realizadores, devido ao sucesso em diversos festivais pelo mundo. “O Cerco” (1970), de António da Cunha Telles, um dos mais belos filmes do cinema novo português, causou sensação ao ser exibido em Cannes, em 1970, e foi, na época de seu lançamento, o filme do cinema novo de maior sucesso de bilheteria em Portugal. “Veredas” (1978), o segundo longa-metragem de João César Monteiro, também é inovador em seu linguagem, sendo a primeira ficção do cinema português a explorar os temas dos contos tradicionais portugueses.
O cinema novo português tomou o período que vai do início da década de 60 até pouco depois da famosa e decisiva Revolução dos Cravos, em 1974. Influenciados por movimentos já consagrados do cinema moderno, tais como o neo-realismo italiano e a nouvelle vague francesa, os cineastas portugueses em atividade nos anos 1960 e 70 abordaram, em sua maioria, uma Portugal melancólica, defasada e desesperançosa. Apesar de não haver caráter político-planfetário explícito nas obras, por estas serem submetidas à forte pressão da censura da ditadura de Salazar, o cinema deste período condensa o clima e a tensão que percorriam o país na época. Havia algo no ar a influenciar atitudes e iniciativas da juventude, e o cinema novo português soube testemunhar esse momento. As obras Cinema Novo português – também denominado Novo Cinema para distingui-lo do Cinema Novo brasileiro – em sua maior parte, nunca chegaram ao Brasil, muito embora o potencial para estabelecer um diálogo com o conjunto cinematográfico que estava sendo produzido sob a haste do Cinema Novo brasileiro fosse grande. Algumas características em comum – contextos políticos parecidos (ambos estavam sob uma ditadura), mesma língua, poderiam ter aproximado essas duas cinematografias, mas isso não aconteceu. A mostra “Os Verdes Anos do Cinema Português” traz parte desta filmografia, em exibições em película 35mm e em DVD, todas com legendas em português.
Além das exibições, o evento traz também com o debate “Na Rota dos Cinemas-Novos”, que pretende discutir a relação entre o cinema novo português, produzido sob a ditadura salazarista, e os cinemas novos de países como França, Itália e Brasil. Participará do debate a pesquisadora e estudiosa do cinema português, Carolin Overhoff Ferreira, organizadora do livro “O cinema português através de seus filmes” (editora Campo das Letras). Carolin lecionou cinema e teatro na Universidade de Ciências e Arte Aplicadas de Hanover, na Universidade Livre de Berlim, na Universidade de Coimbra e na Universidade Católica Portuguesa no Porto. Atualmente, dedica-se a um projeto de investigação pós-doc sénior sobre a relação entre os cinemas nacionais e transnacionais de língua portuguesa e está preparando uma edição especial sobre Manoel de Oliveira para o periódico inglês Dekalog. Além de Carolin, participam também Mauro Luiz Rovai, professor doutor de Sociologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde desenvolve projeto sobre a obra de alguns cineastas, entre eles, Manoel de Oliveira; o crítico Luiz Carlos de Oliveira Junior, editor da revista virtual de cinema Contracampo; e a curadora da mostra, Liciane Mamede.
A mostra “Os Verdes Anos do Cinema Português” é apresentada e patrocinada pelo Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo, e conta com o apoio da Cinemateca Portuguesa, através do empréstimo das cópias de exibição, do Centro Cultural Português em Brasília (braço cultural da embaixada portuguesa no Brasil), Instituto Camões de Portugal e Cinemateca Brasileira. A produção é da Klaxon Cultura Audiovisual e a curadoria é de Liciane Mamede, redatora do site de críticas cinematográficas Cinequanon.

Um pouco mais sobre os filmes

Há controvérsias sobre qual seria a obra fundadora do cinema novo português, porém grande parte dos estudiosos aponta para o primeiro filme de Paulo Rocha, “Os Verdes Anos”, filmado em 1963. A maioria dos historiadores do cinema portuguesa concorda que a obra de Paulo Rocha marcou realmente a ruptura com o passado. O filme, vencedor do prêmio Vela de Prata no Festival de Locarno em 1964, narra a história de amor frustrado entre Júlio e Ilda, dois jovens vindos do interior. Quando Júlio, que tenta a sua sorte como sapateiro, conhece Ilda, uma jovem empregada doméstica, esta recusa o seu pedido de casamento. Júlio, incapaz de lidar com a rejeição por se sentir desamparado na cidade moderna, reage de forma radical desesperada. “Os Verdes Anos” será exibido em sua versão original, com cópia 35mm emprestada pela Cinemateca Portuguesa.
“O Cerco”, outro dos destaques da mostra e um dos mais belos filmes do cinema novo português, foi dirigido em 1971 por Antônio da Cunha Telles. O filme conta a história de Marta, um garota burguesa que decide deixar o marido arrogante para tentar ganhar a vida por seus próprios meios. Quando começa a enfrentar uma situação financeira precária, Marta começa a se envolver com tipos não muito corretos. Ingênua, mas ao mesmo tempo à frente em seu comportamento, a personagem principal deste filme é um retrato angustiante de uma juventude que não tem muitos caminhos a seguir. Este foi, na época de seu lançamento, o filme do cinema novo de maior sucesso de bilheteria em Portugal.
“Acto da Primavera”, de 1963, é obra-prima absoluta de um cineasta já conhecido pelo público brasileiro, Manoel de Oliveira. Exibida pouquíssimas vezes no Brasil, a obra mostra a encenação popular de uma peça de um autor do século XVI, Francisco Vaz de Guimarães, como ela era anualmente encenada pelos habitantes do vilarejo da Curalha, em Trás-os-Montes. “Acto da Primavera”, segundo o crítico de cinema Ruy Gardner, “não estabelece seus critérios de fabulação nem exatamente no terreno do cinema de ficção e tampouco no cinema documentário, embora possa ser considerado ao mesmo tempo como ambos”.
Outra exibição imperdível é a do filme “Trás-os-Montes”, de Margarida Cordeiro e António dos Reis, filmado em 1976. O filme, que também passeia pela linha tênue que divide a ficção e o documentário, retrata personagens típicos do nordeste montanhoso de Portugal, envoltos em um ambiente rural majestoso, documentando seus hábitos seculares. A obra catapultou para reputação internacional seus realizadores, devido ao sucesso em diversos festivais pelo mundo, e nunca foi exibido no Brasil. A cópia que será exibida é uma cópia ampliada para 35mm, que existe somente na Cinemateca Portuguesa.

Programação

30 de julho, quarta-feira
17h
O Recado, José Fonseca e Costa
DVD, 110min

19h
Sofia e a Educação Sexual, Eduardo Geada
35 mm, 101min

31 de julho, quinta feira
17h
Dom Roberto, Ernesto de Souza
DVD, 102 min

19h
Perdido por cem, António Pedro Vasconcelos
35mm, 105 min

1º de agosto, sexta feira
17h
O Mal-amado, Fernando Matos Silva
DVD, 100 min

19h
Almada Negreiros, António de Macedo
35 mm, 23 min
Domingo à tarde, António de Macedo
35mm, 90 min
2 de agosto, sábado
19h
Acto da Primavera, Manoel de Oliveira
35 mm, 94 min

19h
Verdes Anos, Paulo Rocha
35mm, 91 min

3 de agosto, domingo

17h
Belarmino, Fernando Lopes
35 mm, 80 min

19h
Trás os montes, Margarida Cordeiro e António Reis
35 mm, 108 min

6 de agosto, quarta-feira
17h
O Cerco, António Cunha Telles
DVD, 115min

19h
Debate: Na Rota dos Cinemas-Novos
Com Carolin Overhoff, Mauro Rovai, Luiz Carlos de Oliveira Jr. e Liciane Mamede
7 de agosto, quinta feira
17h
A Promessa, António de Macedo
DVD, 94 min

19h
Belarmino, Fernando Lopes
35 mm, 80 min

8 de agosto, sexta-feira
17h
Dom Roberto, Ernesto de Souza
DVD, 102 min

19h
Uma Abelha na Chuva, Fernando Lopes
35 mm, 75 min

9 de agosto, sábado
17h
Veredas, João César Monteiro
35 mm, 120 min

19h
Trás os montes, Margarida Cordeiro e António Reis
35 mm, 108 min

10 de agosto, domingo
17h
O Cerco, António Cunha Telles
DVD, 115min

19h
Acto da Primavera, Manoel de Oliveira
35 mm, 94 min
13 de agosto, quarta-feira
17h
O Mal-amado, Fernando Matos Silva
DVD, 100 min

19h
Perdido por cem, António Pedro Vasconcelos
35mm, 105 min

14 de agosto, quinta-feira
17h
O Recado, José Fonseca e Costa
DVD, 110min

19h
Almada Negreiros, António de Macedo
35 mm, 23 min
Domingo à tarde, António de Macedo
35mm, 90 min

15 de agosto, sexta-feira
17h
A Promessa, António de Macedo
DVD, 94 min

19h
Sofia e a Educação Sexual, Eduardo Geada
35 mm, 101min

16 de agosto, sábado
19h
Verdes Anos, Paulo Rocha
35mm, 91 min

19h
Perdido por cem, António Pedro Vasconcelos
35mm, 105 min

17 de agosto, domingo
17h
O Cerco, António Cunha Telles
DVD, 115min

19h
Uma Abelha na Chuva, Fernando Lopes
35 mm, 75 min

Classificação indicativa dos filmes: 16 anos

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo
Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652
http://www.bb.com.br/cultura

Aceita cartões de crédito Visa ou Mastercard, cheque ou dinheiro
Horário de funcionamento da bilheteria: das 10h às 20h
Ingressos antecipados: http://www.ingressorapido.com / (11) 2163-2000

tirada de senhas a partir das 10h.

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